Alimentos fortificados atuam no combate à desnutrição

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Alimentos fortificados atuam no combate à desnutrição

Alimentos fortificados atuam no combate à desnutrição

Alimentos como batata doce, feijão, mandioca e milho são fundamentais para matar a fome de milhões de pessoas no mundo. Mas, é claro que não encontramos todos os nutrientes nesses alimentos. Então, imagina que maravilha seria melhorar a qualidade nutricional deles?

E é exatamente isso que os cientistas estão fazendo. Usando as chamadas técnicas de fortificação, estão enriquecendo, nutricionalmente, alimentos básicos que predominam em algumas populações.

O doutor em ciências biológicas e pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos, Francisco Aragão, é um especialista no assunto. Há muitos anos, trabalha no desenvolvimento de alimentos fortificados. Conversamos com ele para entender quais são essas técnicas e como elas vêm ajudando a aumentar a qualidade dos alimentos.

O que são os alimentos fortificados?

Os alimentos fortificados ou biofortificados são aqueles que sofreram modificações em que se incrementa quantidades significativas de elementos de valor nutricional, aumentando aminoácidos, minerais, proteínas, enzimas ou vitaminas. 

Também pode-se reduzir fatores antinutricionais – aquelas moléculas que podem causar algum problema na alimentação humana. Por exemplo, retirando proteínas tóxicas, alergênicas, componentes que não seriam bons para a alimentação humana.

Como esses alimentos são desenvolvidos?

Existem várias maneiras de aumentar a disponibilidade de nutrientes para a população. Pode ser pelo que chamamos de fortificação, em que você adiciona esses nutrientes aos alimentos processados ou pode ser modificando diretamente as plantas. 

A modificação direta das plantas é mais interessante porque é a estratégia mais barata. Quando fazemos isso em plantas que são amplamente consumidas pela população, é uma excelente estratégia de disponibilização de nutrientes nos alimentos onde são  naturalmente deficitários.

Como a biotecnologia ajuda a combater os problemas de má nutrição?

Usando biotecnologia é possível se fazer algumas alterações que pelos métodos convencionais são mais difíceis.  Uma vez que as condições de calorias são supridas para uma população. Passamos a nos preocupar também com o que chamamos de fome oculta. A pessoa pode adquirir as calorias diárias necessárias, mas pode estar nutricionalmente com problemas, com deficiência de vitaminas e minerais. 

Modificamos as plantas para que sejam fontes melhores desses componentes nutricionais fundamentais.

Como a Embrapa trabalha em projetos voltados para países da África e América Latina?

Na última década, a Embrapa tem feito um esforço para melhorar nutricionalmente várias espécies, conduzindo esse projeto em colaboração com países da África e da América Latina. Temos aumentado teores de minerais e vitaminas em plantas como o caupi, o milho, feijão, mandioca, batata-doce, inclusive tendo plantas que já são usadas pelas populações tanto na África quanto em alguns países da América do Sul e América Central.

Muitos desses países têm deficiência nutricional por falta de minerais e vitaminas presentes na alimentação. Com as plantas amplamente consumidas biofortificadas, podemos reduzir bastante ou praticamente eliminar, em alguns casos, a deficiência de alguns desses nutrientes.

Pode citar outros exemplos?

Estamos fazendo isso com várias plantas, tanto grãos quanto hortaliças. Geramos uma alface com alto teor de ácido fólico que é uma vitamina essencial para várias funções do corpo humano e que, em muitas populações do mundo, inclusive a do Brasil, ainda há deficiência dessa vitamina. Temos, por exemplo, o arroz dourado em que se aumentou o teor de pró-vitamina A; o feijão; o feijão caupi, a soja com aumento de teores de minerais importantes como zinco e ferro.

O uso dessa tecnologia é importante para garantir alimentos para uma população crescente?

Com o aumento da população mundial e, consequentemente do consumo de alimentos mais processados, há uma tendência de que tenhamos deficiência nutricional.

Então, os alimentos biofortificados poderão minimizar essas deficiências e, com certeza, eles serão uma ferramenta extremamente importante diante do crescimento populacional.

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