A agropecuária não põe apenas comida na mesa, ela movimenta e transforma vidas no Brasil. Com tanto trabalho e processos envolvidos, já era previsível mas, a nossa tendência é de pensar que esses impactos ficam lá no campo. Você já se perguntou como esse setor pode afetar a sua economia? Isso mesmo, suas finanças, sua realidade. Ficou curioso? Então, segue com a gente que você vai descobrir.
Crescimento mesmo diante da crise
A agropecuária é um dos setores de melhores resultados no país, apesar da pandemia da Covid-19. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente no primeiro trimestre de 2021, o crescimento desse setor foi de 5,7% quando comparado aos últimos três meses de 2020.
Essa alta foi alcançada pela melhora na produtividade e no desempenho comercial de alguns produtos, em especial, a soja. A leguminosa tem maior peso na lavoura do Brasil e previsão recorde de safra de 132,9 milhões de toneladas (9,4% a mais do que no ano passado).
Além disso, outras culturas também tiveram peso nessa conta, como o arroz. Para se ter uma ideia do quanto o setor representa na nossa economia, a estimativa de safra de arroz para este ano é de 11,63 milhões de toneladas. Se considerarmos a produção de todos os grãos e cereais, a safra brasileira está estimada em 262,13 milhões de toneladas.
Peso pesado na economia brasileira
O setor agropecuário brasileiro é um dos motores da nossa economia, representando 26,6% do total (em 2020). Esse montante é 4 vezes maior que a soma dos bens e serviços da década de 1970, que era de 7,5%. Em valores monetários, o PIB brasileiro totalizou R$7,45 trilhões no último ano, sendo que o agronegócio representou quase R$2 trilhões.
A agropecuária foi o único setor da economia que teve crescimento no ano passado (2%), muito disso devido às exportações. Esse crescimento do setor colaborou em cheio para que o Produto Interno Bruto – PIB do país registrasse um crescimento de 1,2% de janeiro a março de 2021.
Outros setores econômicos tiveram uma queda em suas participações do PIB. A indústria teve uma retração de 3,5% e o setor de serviços, que representa cerca de 70% na participação do PIB, diminuiu em 4,5% a sua fatia em 2020.
Mas afinal, o que é o PIB?
Segundo o IBGE, o PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Todos os países calculam o seu PIB nas suas respectivas moedas. O PIB é o indicador econômico mais importante de qualquer país, serve como um medidor da atividade econômica.
O PIB mede apenas os bens e serviços finais para evitar a dupla contagem. Se um país produz R$100,00 de trigo, R$200,00 de farinha de trigo e R$300,00 de pão, por exemplo, seu PIB será de R$300,00, pois os valores da farinha e do trigo já estão embutidos no valor do pão.
Conhecermos esse indicador é importante para sabermos como anda a economia do país, já que ele é calculado levando em consideração todos os setores produtivos. E, além disso, o consumo das famílias, os gastos do governo e os investimentos privados também são colocados na conta.
E se você estiver se perguntando como esses números afetam a sua vida, segue a leitura que você vai descobrir.
O PIB e você
A produção e o crescimento econômico, o que o PIB representa, tem um grande impacto em nossas vidas. Quando o crescimento do PIB é alto, as empresas contratam mais trabalhadores e podem pagar salários e ordenados mais altos, o que leva a mais gastos dos consumidores em bens e serviços.
As empresas também têm confiança para investir mais quando o crescimento econômico está elevado. O investimento estabelece a base para o crescimento econômico no futuro. Quando o crescimento do PIB é muito baixo ou a economia entra em recessão, o oposto acontece.
É um ciclo que impacta todas as nossas atividades. O crescimento econômico também está relacionado aos juros, à inflação e consequentemente ao nosso poder de compra. Quando o PIB de um país aumenta, significa que ele está produzindo mais, recebendo mais investimentos e assim movimentando a economia. E nossos hábitos e atitudes também são peças-chave para que isso aconteça.
No primeiro trimestre deste ano tivemos um pequeno aumento no PIB. Esse aumento, na verdade, mostra uma recuperação do que tínhamos perdido no ano passado. Podemos dizer que deu empate, já que vínhamos de um diminuição de 4,1% no ano passado e até abril deste ano a recuperação do PIB chegou entre 4,5% e 5%.
Porém, em comparação ao ano passado, já uma maior movimentação de dinheiro no mercado e fatores como menor impacto da pandemia e das medidas de restrição, diminuição do isolamento social e a alta da demanda global por commodities impulsionaram essa mudança.
O agronegócio muda as cidades próximas
Nos municípios brasileiros em que a agricultura é a base da economia, existe maior oferta de emprego, crescimento das cidades e qualidade de vida. Em outras palavras, o impacto positivo do setor que leva comida boa do campo à mesa.
O IBGE mostra que em 2016 nas cidades onde a produção agropecuária era o carro chefe, se observou crescimento superior à taxa anual do PIB do país. Se levarmos em consideração os 100 maiores municípios produtores agrícolas, o crescimento médio foi de 9,81% entre 2014 e 2016, indicando 7,2% do PIB brasileiro.
O crescimento não é de hoje
Desde a década de 1970, quando as fronteiras agrícolas modernas do Brasil começaram a ser ocupadas, muito investimento em tecnologia, construção civil e serviços também foram feitos. Tornando essas cidades, atualmente, áreas intensivas em capital e tecnologia. Construímos centros de referência, tecnologia e desenvolvimento.
Exemplos são as cidades de Dourados (MS), Rio Verde (GO), Barreiras (BA), Uberlândia (MG) e Rondonópolis (MT), que surgiram como pequenos vilarejos e se tornaram importantes centros regionais. Verdadeiras conexões entre as suas regiões e o restante do território nacional.
Previsão otimista
Um levantamento realizado por uma consultoria especializada em análise econômica – Mendonça de Barros – MB Associados, revelou que os estados ligados à agricultura devem liderar a retomada da economia até o ano que vem. Estados que produzem soja, cana-de-açúcar, café, carne, minério de ferro, entre outras.
Pela previsão em 2021 e 2022, o crescimento do PIB em 15 estados deve ser maior do que a média do Brasil, de 5,1%. A maioria está no centro-oeste e norte, locais que são importantes para a agricultura do Brasil.
Novas fronteiras agrícolas que foram surgindo, especialmente na região chamada Matopiba – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – também ajudam no desenvolvimento desses estados. Para o Mato Grosso, por exemplo, a estimativa é de crescimento de 8% no PIB.
A recuperação da nossa economia nos próximos anos vai ser muito fortalecida com o crescimento da produção de alimentos. A agricultura e a pecuária, desde o pequeno até o grande produtor, e a vacinação em massa, serão importantes para retomarmos o crescimento da economia.