Dedicação e tecnologia transformando vidas no campo | Comida Boa - Do Campo à Mesa

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Dedicação e tecnologia transformando vidas no campo

Entrevista Edson Trebeschi

Dedicação e tecnologia transformando vidas no campo

O produtor de tomate Edson Trebeschi viu sua vida mudar ao longo dos anos com a agricultura. Filho de pequenos produtores do interior de São Paulo, saiu de casa aos 15 anos para se tornar técnico em agropecuária e, foi a partir daí, que tudo começou. 

Hoje, é considerado um dos maiores produtores de tomates do Brasil. Com seu trabalho, Edson transformou sua vida e a de muitas outras pessoas. Conheça a história de quem sempre procura aprender e aproveitar oportunidades.

Quando você resolveu seguir e encarar a agricultura?

Sou natural de Aguaí, no interior de São Paulo. A minha família é de origem italiana, e eram pequenos produtores dedicados à pecuária leiteira e à cultura de café. Passei muita dificuldade na infância, mas eu sabia que precisava mudar o jeito de olhar para o sítio. E isso só seria possível, realmente, buscando algo fora. Então, com 15 anos, fui fazer o curso de técnico em agropecuária.

Como surgiu o interesse pela cultura do tomate?

Como técnico em agropecuária, tive a oportunidade de fazer parte da Cooperativa Agrícola de Cotia como coordenador de produção. A cooperativa, fundada por imigrantes japoneses, foi a maior do segmento de frutas, legumes e verduras. Eu me identifiquei muito com a cultura do tomate pelo dinamismo – um produto altamente perecível, mas, ao mesmo tempo, não tinha uma rotina pré-definida. Dentro da cooperativa de Cotia, eu me especializei na área de comercialização de tomates e tive o privilégio de conhecer as principais regiões produtoras.

Quando começou a sua produção?

Fiquei na cooperativa até meados de 94 assessorando os cooperados na comercialização. Em 94, optei por trabalhar na região do Triângulo Mineiro em função do microclima, da posição geográfica e comecei a produzir em terras arrendadas.  

Em 2000, adquirimos a primeira propriedade em Uberaba, a Fazenda São Judas, que permitiu a realização de um sonho – a primeira escritura. Nessas áreas, começamos com a tomaticultura, com muita tecnologia. Um trabalho voltado a superar as expectativas do mercado em relação à produtividade e à qualidade.

Hoje, a sua empresa está entre as maiores produtoras de tomate do país. Como foi esse crescimento?

Teve muita dedicação, muita resiliência, muita tecnologia e o que percebemos, desde aquela época, é que para expandir a produção, também teríamos que estar em outras regiões, para produzir tomate durante o ano inteiro. 

A estratégia foi procurar outros microclimas com o intuito de ter sempre a melhor qualidade, respeitando a natureza propícia para a planta. Isso foi uma decisão muito assertiva porque permitiu atuar nos estados de Minas, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Bahia e Ceará, além de dar condições para estar mais próximos dos clientes. Até os dias de hoje, eu vejo que somos os pioneiros nessa diversidade de microclimas.

Há 15 anos atrás, visitando outros países, vimos a necessidade de introduzir variedades de tomates especiais no Brasil dentro de estufas. E, como esse sonho de transformar o agronegócio sempre teve no meu DNA desde o início, tenho certeza, que olhar fora do quadrado e de forma diferente nos permitiu perpetuar.

Como a tecnologia o ajudou nesse caminho?

O processo de atualização tecnológica é constante. Procuramos aquilo que tem de melhor fora e dentro do Brasil para implantar nas lavouras focando em produtividade, redução de custo e, também na sustentabilidade. Por exemplo, temos canaletas para aproveitar a água da chuva em todas as estufas. E, agora, fechamos o circuito da chuva – captamos, reservamos para usar no período crítico e a água drenada da planta é usada para uma segunda cultura.

Uma outra tecnologia muito importante é o uso de mulching (técnica que envolve a cobertura do solo com um filme plástico ou com matéria orgânica para proteger o cultivo, ajudar na umidade do solo e diminuir a infestação de insetos), difundida em Israel que é um país deserto. Trouxemos esse modelo para a região do Cerrado e, hoje, está presente em todas as lavouras de tomates. A prática reduz o uso da água em torno de 35%, além de evitar a concorrência com as plantas e ervas daninhas.

E hoje, como é olhar para o que transformou e construiu com a agricultura?

A gente se depara com muitas pessoas que começaram do zero. Eu comento que comecei do negativo quando ia para o colégio de carona. Hoje, a empresa emprega em torno de 1.600 pessoas diretamente.  São muitas vidas envolvidas. Acredito que sejam mais de 5.000 pessoas no processo todo. Então, sei da responsabilidade e, é muito bacana, em cada nova filial aberta, ter pessoas replicando todo aquele ensinamento, tudo aquilo que está na nossa essência- fazer o melhor tomate. 

Ao longo dessa história, tem pessoas que começaram na produção e hoje tem cargos muito importantes e de destaque e, é isso que eu quero continuar fazendo: dando oportunidade para novos colaboradores, mas acima de tudo para aqueles que já estão com a gente para que realmente possam crescer compartilhando esse sucesso.

E como manter essa essência durante esses anos todos?

O agronegócio significa vida, prosperidade, perseverança. Eu continuo investindo, capacitando pessoas e expandindo projetos por acreditar no Brasil e no agronegócio. 

Nossa essência está em pensar e trabalhar para levar o melhor  tomate para nossas casas e consumidores. Tem que fazer isso com tecnologia, porém com um principal diferencial – fazer isso com muito amor.

Tenho certeza de que estamos no segmento, na hora, no momento, no lugar certo e com essa missão nobre. Contribuir para a alimentação do mundo todo. 

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