Não basta produzir alimentos, é preciso distribuir.
Se levássemos em conta apenas o volume de alimentos produzidos no mundo e o número de habitantes, não teríamos mais o problema da fome. No entanto, é preciso garantir o acesso contínuo à comida e a uma boa nutrição. E é nesse quesito que reside uma grande complexidade, o alimento precisa ser distribuído no mundo. Precisa ser acessível e constante a todos.
O acesso à alimentação adequada é um direito de todos. É o que diz o artigo 25 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, apresentada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em Paris, em dezembro de 1948.
Lamentavelmente, setenta e três anos depois, 800 milhões de pessoas no mundo ainda não têm esse direito assegurado. Ou seja, para um décimo da população global, a fome é uma triste realidade. E essa condição, não depende apenas da nossa capacidade de produzir alimentos.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), “a alimentação adequada consiste no acesso físico e econômico de todas as pessoas aos alimentos e aos recursos, como emprego ou terra, que garantam esse acesso de modo contínuo”.
Se o que produzimos de alimentos já é suficiente para atender às necessidades dos quase 8 bilhões de pessoas que habitam o planeta, por que não atingimos a meta de fome zero?
Mundo globalizado
Em um mundo globalizado, a circulação de produtos – via exportação e importação – é fundamental para levar comida em quantidade e qualidade para todos os cantos da terra. A regra básica do mercado é de que quem tem dinheiro compra, quem não tem, não compra!
Com base nesse modelo e diante da desigualdade socioeconômica em que vivemos é fácil visualizar o impacto sobre a distribuição de alimentos. Para muitos países, a importação em escala não é nem viável. Simplesmente pelo motivo de que seus consumidores não podem pagar.
A diminuição da pobreza é fundamental para a segurança alimentar.
Sem possibilidades de importar alimentos, algumas regiões do mundo ficam expostas a dietas limitadas ao que conseguem produzir. Com isso, quando podem adquirir comida, acabam ingerindo dietas limitadas na composição de nutrientes. Por isso, é preciso estabelecer políticas públicas que incentivem a produção agrícola diversificada, favorecendo a oferta local de alimentos mais ricos em vitaminas e minerais.
Contribuições da ciência
A ciência vem fazendo a sua parte, auxiliando a produzir mais alimentos com menor utilização dos recursos naturais. Elevando capacidades produtivas de diferentes países e em regiões de escassez de água, territórios ou até mesmo diante de cenários de pragas e doenças. Em paralelo, vem aprimorando nutricionalmente alguns alimentos básicos, possibilitando contornar as deficiências nutricionais de populações que têm hábitos alimentares com pouca diversificação. Os alimentos fortificados e os biofortificados entregam uma dieta mais saudável para quem precisa.
Alimentos fortificados ou biofortificados são aqueles que sofrem modificações em que se acrescenta quantidades significativas de elementos de alto valor nutricional, como aminoácidos, minerais, proteínas, enzimas e vitaminas.
Já temos alguns casos de alimentos biofortificados que fazem parte da alimentação de algumas populações do mundo. Feijão, feijão-caupi, mandioca, batata-doce, milho, abóbora, trigo e arroz já possuem variedades com maiores teores de nutrientes que as convencionais.