Quando precisamos de água, abrimos uma torneira e ela simplesmente surge. Tá ali, acessível e pronta para usarmos. E nem nos perguntamos de onde ela veio e para onde vai.
E quando não existe água por perto? Que caminho é percorrido? De onde vem a água que você bebe? Como a água chega na indústria e nos lugares onde nossos alimentos estão sendo cultivados? Enfim, nossa tendência é pensarmos nesse recurso somente quando ele falta.
Quer saber o que a habilidade de levar água para lugares distantes tem a ver com o surgimento das cidades? E ainda entender o que os vinhos da Argentina e do Chile têm em comum com o gelo da Cordilheira dos Andes? Segue a leitura e você vai descobrir.
Graças à água, nasceram as cidades
Nos primórdios da agricultura, a chuva era a grande responsável por irrigar as plantações. Com o passar do tempo, o homem percebeu que, mesmo em lugares onde faltava chuva, dava para produzir alimentos se houvesse algum rio por perto.
Fazendo pequenos canais na terra, era possível levar água até as lavouras. E isso fez toda a diferença. Há 5 mil anos, antigas civilizações, como as do Egito e da Mesopotâmia, adotaram essas práticas e cresceram, formando as primeiras cidades.
Engenheiros das montanhas
Na América do Sul, o povo Inca se destacou pelos sistemas de irrigação. Há 500 anos, os Incas habitavam a região da Cordilheira dos Andes, onde hoje ficam países como Argentina, Chile, Bolívia, Peru e Equador. Escavando terraços nas encostas das montanhas e aproveitando a água do degelo na cordilheira, cultivavam cerca de 700 espécies vegetais.
Ainda hoje, regiões da Argentina e do Chile utilizam sistemas semelhantes para a produção de frutas e hortaliças. Praticamente toda a uva usada para a fabricação de vinho nestes países, recebe água de degelo que chega aos vinhedos através desses sistemas de irrigação.
De arroz a frutas, a irrigação leva comida para nossas mesas
No Brasil, o uso comercial de irrigação começou no século XIX, com o plantio de arroz em áreas inundadas do Rio Grande do Sul, que até hoje é o maior produtor do cereal do país. 70% do arroz que vai para nossa alimentação é gaúcho.
Nas regiões afetadas pela constante falta de chuva, como o semiárido brasileiro, a irrigação é essencial para garantir a produção de alimentos. Por isso, a partir da década de 1960, o governo federal passou a incentivar e investir na implantação de grandes perímetros irrigados, especialmente, no semiárido nordestino.
Confira a entrevista da produtora de café.
A criação do Polo Irrigado do vale rio do São Francisco, entre os estados de Pernambuco e Bahia, promoveu um grande salto socioeconômico para a região e fez, inclusive, despontar Petrolina, uma das principais cidades do nordeste.
Apenas o Polo Público Irrigado (PPI) Nilo Coelho, que começou a operar em 1984, irriga uma área de 18.667 hectares, entre os municípios de Casa Nova (BA) e Petrolina (PE). Em menos de 4 décadas, a irrigação transformou a região num dos principais polos produtores e exportadores de frutas do Brasil, especialmente, uva, manga e goiaba.
Irrigação cada vez mais econômica
Ainda que os sistemas de irrigação elevem o consumo de água, garantem oferta mais estável de alimentos. Por isso, a ciência vem trabalhando para aumentar a eficiência desses sistemas. A chamada agricultura digital ou 4.0 é o resultado da busca pela economia de água e de alimentos para todos.
Instalando sensores no campo, processando imagens de satélite, analisando a previsão de tempo e armazenando dados, é possível monitorar as plantações em tempo real e ajudar o agricultor a entender as necessidades da planta em cada fase do desenvolvimento. E nem é preciso ir até as lavouras para saber o que está acontecendo por lá. Via aplicativo no celular, tablet ou computador, o produtor descobre quando e quanto deve irrigar. Desse jeito, não tem desperdício de água. A humanidade agradece. E você? Percebeu que pode trabalhar para o campo mesmo estando na cidade?